A importação de produtos é uma excelente oportunidade para quem deseja empreender ou diversificar o portfólio de uma empresa. No entanto, importar legalmente exige conhecimento técnico, planejamento e o cumprimento de diversas exigências fiscais e aduaneiras. Se você está começando agora e quer fazer tudo de forma regularizada, este guia é para você.
✅ 1. Entenda o que é necessário para importar legalmente
Antes de qualquer compra internacional, é fundamental saber que, no Brasil, a importação legal está sujeita a regras da Receita Federal, da Anvisa (no caso de produtos específicos), do MAPA (para alimentos e bebidas) e de outros órgãos reguladores.
Você precisará de:
- CNPJ ativo (não é possível importar formalmente com CPF, salvo em compras pessoais dentro do limite do Importa Fácil dos Correios);
- Radar Siscomex: habilitação obrigatória para operar no comércio exterior;
- Nota fiscal e documentação correta;
- Pagamento de impostos de importação, como II, IPI, ICMS, PIS/COFINS, entre outros.
✅ 2. Escolha o regime de importação mais adequado
Existem dois regimes principais para importar no Brasil:
- Importação por conta própria: você compra do exterior para revender ou usar.
- Importação por conta e ordem de terceiros: uma empresa de trading importa em seu nome.
- Importação por encomenda: a trading compra e revende para você no Brasil.
Para quem está começando, o uso de trading companies pode simplificar o processo, principalmente na parte burocrática.
✅ 3. Habilite sua empresa no RADAR (Receita Federal)
O RADAR (Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros) é o primeiro passo legal após a abertura do CNPJ. Existem três tipos:
- Radar Expresso – para micro e pequenas empresas.
- Radar Limitado – para empresas com importações de até US$ 150 mil por semestre.
- Radar Ilimitado – para operações acima desse valor.
A habilitação é feita pela Receita Federal, e é recomendável contar com o auxílio de um despachante aduaneiro.
✅ 4. Pesquise fornecedores confiáveis no exterior
Para garantir bons negócios:
- Use plataformas como Alibaba, Made-in-China, Global Sources;
- Verifique a reputação dos fornecedores;
- Solicite amostras antes de fechar grandes pedidos;
- Analise aspectos como prazo de entrega, forma de pagamento e garantia.
✅ 5. Calcule todos os custos de importação
Antes de importar, é essencial ter clareza sobre o custo total da operação, que inclui:
- Valor da mercadoria (FOB);
- Frete internacional (CIF);
- Impostos de importação;
- Taxas alfandegárias;
- Despachante e armazenagem;
- Lucro desejado e preço final de venda.
Ferramentas como o Simulador de Importação da Receita Federal podem ajudar a prever esses custos.
✅ 6. Contrate um despachante aduaneiro
Esse profissional é o responsável por liberar a mercadoria na alfândega, garantir que toda a documentação esteja correta e que os tributos sejam pagos corretamente. Ele é essencial para quem está começando, pois evita erros e multas.
✅ 7. Registre a operação no Siscomex
O Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior) é o sistema onde se formalizam as importações. Nele, você registra a Declaração de Importação (DI) e acompanha a liberação da carga.
✅ 8. Acompanhe a liberação da carga e faça a retirada
Após o desembaraço aduaneiro, com todos os tributos pagos e documentos conferidos, sua mercadoria é liberada para transporte até o destino final. Esse processo pode levar de alguns dias a semanas, dependendo do tipo de mercadoria e do porto/aeroporto utilizado.
📦 9. Venda e distribua seus produtos no Brasil
Com a carga em mãos e tudo regularizado, você pode vender seus produtos de forma legal, com nota fiscal e garantia de procedência — o que passa mais confiança aos clientes e evita riscos com a fiscalização.
✅ Conclusão
Importar produtos legalmente no Brasil é totalmente possível — e pode ser altamente lucrativo —, desde que você siga todos os passos com atenção e dentro da lei. Com um bom planejamento, apoio profissional e fornecedores confiáveis, você evita dores de cabeça e constrói um negócio sólido e escalável.
Se você está começando, comece pequeno, aprenda com cada etapa e, aos poucos, vá ganhando experiência. No comércio exterior, conhecimento é o maior diferencial competitivo. E quanto mais preparado você estiver, maiores serão suas chances de sucesso.