FINANÇAS COMPORTAMENTAIS

Finanças Comportamentais é um campo de estudo que explora como fatores psicológicos, emocionais e sociais influenciam nossas decisões financeiras. Em vez de assumir que as pessoas sempre tomam decisões racionais e objetivas, as finanças comportamentais reconhecem que as escolhas financeiras muitas vezes são impactadas por viéses cognitivos, emoções e fatores contextuais.

Esse campo integra conhecimentos de psicologia, economia e neurociência para entender como e por que as pessoas, muitas vezes, tomam decisões financeiras subótimas, como gastar mais do que podem ou investir em ativos de alto risco sem uma análise adequada.

Alguns Conceitos Importantes em Finanças Comportamentais:

1. Viés de Ancoragem

  • O que é: A tendência das pessoas a se basearem excessivamente em uma informação inicial (a “âncora”) ao tomar decisões subsequentes, mesmo que essa informação não seja relevante.
  • Exemplo: Se você vê uma camisa por R$ 500,00 e depois uma similar por R$ 300,00, pode achar a segunda camisa barata, mesmo que ainda esteja acima do seu orçamento.

2. Viés da Confirmação

  • O que é: A tendência de buscar ou interpretar informações de maneira que confirmem nossas crenças ou decisões pré-existentes, ignorando dados que possam contradizê-las.
  • Exemplo: Se você já investiu em uma ação e acredita que ela vai valorizar, você pode procurar notícias ou análises que reforcem sua ideia, ignorando sinais de alerta de que o investimento pode não ser tão promissor.

3. Excesso de Confiança

  • O que é: A tendência de superestimar o quanto sabemos ou a nossa habilidade em fazer previsões, como em investimentos ou decisões financeiras.
  • Exemplo: Muitos investidores acreditam que podem prever os movimentos do mercado ou escolher ações com um bom desempenho, quando, na verdade, as escolhas são muitas vezes aleatórias ou baseadas em informações limitadas.

4. Aversão à Perda

  • O que é: As pessoas sentem a dor de uma perda financeira de forma mais intensa do que o prazer de um ganho equivalente. Em termos práticos, isso pode levar a decisões irracionais, como manter investimentos ruins por muito tempo ou evitar tomar decisões de risco.
  • Exemplo: Um investidor pode manter ações que caíram de preço por muito tempo, esperando que o mercado se recupere, ao invés de cortar perdas e realocar os recursos para investimentos mais promissores.

5. Efeito de Endowment (ou Efeito de Posse)

  • O que é: A tendência das pessoas a valorizar mais os itens que possuem em comparação aos itens que não possuem, o que pode influenciar decisões financeiras.
  • Exemplo: Você pode ter dificuldade em vender um imóvel ou um item pessoal, mesmo que o preço de mercado tenha caído, porque você atribui um valor emocional a ele.

6. Comportamento de Rebanho (Herding)

  • O que é: A tendência de imitar as ações de outras pessoas, mesmo que isso não seja racional ou benéfico.
  • Exemplo: Quando os investidores compram ou vendem ações simplesmente porque “todo mundo está fazendo isso”, sem realizar uma análise adequada.

7. Custo Afundado

  • O que é: A tendência de continuar investindo em algo (tempo, dinheiro ou esforço) simplesmente porque já foi investido, mesmo que isso não seja mais a melhor opção.
  • Exemplo: Se você comprou um curso caro e não está aprendendo nada útil, pode continuar assistindo às aulas apenas porque já gastou dinheiro, mesmo que poderia usar esse tempo de forma mais produtiva.

8. Mentalidade de Escassez vs. Abundância

  • O que é: A forma como percebemos a abundância ou a falta de recursos pode influenciar nossas decisões financeiras.
  • Mentalidade de escassez: Focar apenas no que falta, levando a decisões mais impulsivas, como gastar em excesso ou não poupar.
  • Mentalidade de abundância: Acreditar que há recursos suficientes, o que pode promover decisões financeiras mais equilibradas e a longo prazo, como investir e poupar para o futuro.

Como As Finanças Comportamentais Impactam a Vida Financeira:

1. Planejamento Financeiro e Poupança

  • Muitas pessoas não conseguem seguir um plano de poupança regular porque são influenciadas pela aversão à perda ou pelo desejo imediato de consumo, ignorando os benefícios de poupar para o futuro.
  • Além disso, fatores emocionais, como medo e ansiedade, podem dificultar a adesão a estratégias de longo prazo, como investimentos em previdência.

2. Investimentos

  • O comportamento de rebanho pode levar as pessoas a seguir modas de investimento, como comprar ações de empresas populares durante uma alta especulativa, sem uma análise racional.
  • O viés da confirmação pode fazer com que um investidor ignore alertas sobre a saúde financeira de uma empresa, por exemplo, apenas porque quer acreditar que seu investimento irá se valorizar.

3. Dívidas e Crédito

  • O consumo impulsivo e a falta de autocontrole, muitas vezes associados ao viés de gratificação imediata, podem levar as pessoas a acumular dívidas de cartão de crédito e a gastar mais do que podem pagar.
  • O efeito de posse pode levar alguém a manter um padrão de vida elevado, assumindo mais dívidas do que o necessário, apenas porque não quer abrir mão de determinados bens ou status.

Como Utilizar o Conhecimento das Finanças Comportamentais:

  • Estabeleça Metas Claras: Defina objetivos financeiros concretos e mensuráveis para não ser influenciado por decisões impulsivas.
  • Automatize Suas Finanças: Configurar pagamentos automáticos para poupança e investimentos pode ajudar a minimizar a tentação de gastar ou não poupar o suficiente.
  • Revise Regularmente seus Investimentos: Verifique se suas decisões financeiras ainda estão alinhadas com seus objetivos de longo prazo, e não apenas com emoções momentâneas.
  • Diversifique os Investimentos: A diversificação ajuda a reduzir os riscos causados por emoções e decisões de curto-prazismo.
  • Busque Conscientização e Controle Emocional: Tente identificar os próprios viéses e como eles influenciam suas escolhas. Isso pode ajudar a tomar decisões financeiras mais racionais.

Ao entender como o comportamento humano afeta as finanças, você pode tomar decisões mais informadas e evitar armadilhas psicológicas que prejudicam sua saúde financeira.

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